quinta-feira, 14 de julho de 2011

É tão feio cuspir-se no prato em que se comeu!



Sinceramente não percebo como é que casais com relações de 2/3 anos e que viviam juntos a outros tantos, terminam a relação e decidem ficar bons amigos. Assim, como se não custasse nada! Eu não digo que não seja possível quando a decisão de terminar é de comum acordo ou quando simplesmente o amor acaba sem mágoas, o que normalmente é raro acontecer.

Eu acredito que possamos ficar amigos dos nossos ex’s, dependendo claro, da forma como decorreu a relação e do seu término. Contudo sei que é fundamental aquando a ruptura, darmos espaço para vivermos a nossa dor e normalmente a nossa raiva. Não me venham com histórias que não se sofre, que não dói, que não nos sentimos traídos e magoados, que eu não acredito! Porque se estamos numa relação que pensamos estável e ela acaba é porque alguma coisa se passou. E a culpa e os ressentimentos nunca são somente de um. Quando se trata de uma relação fugaz, isto é, uma curtição, um flirt, um caso, onde por vezes não se chega a sentir amor, nem paixão e simplesmente atracção e desejo carnal creio que seja bastante fácil ser-se amigo, agora numa relação de paixão, amor, partilha, convivência… não me parece que este estatuto de amigo/a seja tão fácil de recriar.

Infelizmente no meu núcleo de amigos tenho vivenciado alguns casos de perto e sinceramente dá-me raiva quando vejo super heróis a tentarem simplesmente contornar o processo normal da perda. Sim, porque é importante que faça o luto aquando o fim de uma relação. Mas não, a ideia é darmos uma super maturos, onde não existe dor, mágoa, ressentimento, culpa, ciúme… e ainda até conseguimos ficar amigos.

Adoro ouvir frases, como: "Acabámos mas continuamos a mandar sms’s a desejar boa noite e bom dia", "Continuamos a sair à noite e a ir ao cinema"
"É um espectáculo como nos continuamos a dar e a ser bons amigos", "Partilhamos tudo um com ou outro... até as novas conquistas e as novas quecas!"

É pena é seja sol de pouca dura! Pois normalmente a dor, o ciúme e o ressentimento falam sempre mais alto. E mais tarde ou mais cedo eles voltam a dar o ar da sua graça. Volta-se a falar no passado, no que não correu bem, nas exigências, nas faltas, atiram-se coisas à cara…. Tudo vem à tona e o pior é que vem com o rancor à mistura. E o resultado é pior ainda do que quando a relação terminou.
Aí é que não há amizade que salve a situação! Os amigos começam simplesmente a ser a rede de uma mesa de ping, pong. É queixa de um lado, queixa do outro. Nomes para aqui, nomes para ali, arrependimentos, “ses”… É uma coisa que até mete nojo!

Será que ninguém lhes ensinou que é muito feio cuspir-se no prato onde se comeu? Se andaram com aquela pessoa foi porque na altura gostavam dela e pensavam que seria a tal. Se as coisas não correm bem e a relação termina, discute-se, grita-se, chora-se, acusa-se, afastamo-nos e damos tempo para que a ferida cicatriza. Depois se acharmos que vale a pena manter-se a amizade com a outra pessoa, mantém-se. Porém é importante que quando tomem esta decisão ambos já tenham consciência que têm as suas feridas cicatrizadas e a suas mágoas resolvidas.

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