Sinceramente não percebo onde reside a ética de alguns jornalistas... se não quisermos falar ética, podemos falar de humanização ou até mesmo de respeito pela a dor das pessoas...
Primeiro, foi na página da Lux online, numa notícia referente ao estado grave de saúde do irmão do nosso ex-primeiro ministro José Sócrates... os jornalistas não saem da porta do hospital, pedem entrevistas, interpelam os familiares, pedem respostas...
Pelo amor de Deus, que sanguessugas! Porque não respeitam a dor dos familiares? Aqui não está em questão o facto de ele ter sido primeiro ministro, de ter feito merda atrás de merda... isso não importa quando se fala de uma pessoa que lhe está a lutar pela vida... Juro que não percebo! E como se não chegasse a perseguição que fazem ao senhor e sua família, ainda relacionam esta situação com notícia da morte do seu pai há cerca de duas semanas, como se já estivessem a por a cruz em cima do seu irmão também! ´
Depois, foi na televisão.... no programa Boa Tarde, da Conceição Lino, agora a ser guiado pela Ana Marques.... uma família, que havia perdido o filho há cerca de duas semanas....um possível homicídio. Ali estavam a explorar, a mexer, a questionar a dor daqueles pais... procurando obter até o mais pequeno pormenor. A Ana Marques ainda estava a ser cuidadosa na abordagem, mas o jornalista que fez inicialmente a peça de apresentação e que se deslocou à casa de família, foi demais, parecia que tinha engolido um guião de perguntas....que eram colocadas de uma forma distante e fria.
Se querem fazer sensacionalismo com a vida e o sofrimento das pessoas, sejam elas figuras públicas ou não, ao menos façam-no com respeito. Não sejam vulgares e indiferentes. Será que hoje para se ser um bom profissional, tem que ser um mau ser humano? Não consigo compreender esta indiferença que certos profissionais, sejam eles de saúde, da educação ou outros, neste caso jornalistas, conseguem manter em relação ao sofrimento das pessoas. Tudo bem que por vezes é obrigatório manter uma certa distância emocional para se conseguir executar um bom trabalho, porém essa distância emocional pode ser compensada por coisas simples que por vezes podem fazer toda a diferença para quem assiste à peça, ou lê a notícia, nomeadamente: o tom de voz utilizado, a escolha das palavras, os gestos, as expressões faciais e corporais...
Não custa nada ter um bocadinho de respeito! Graças a Deus que nem todos os profissionais são iguais...mas às vezes, uma pequena minoria pode estragar tudo.
1 comentário:
É por esta razão (e devido a outro tipo de podridão menos visível da comunicação social), que me recusei a seguir jornalismo. Por ética. Mas hoje ética não vende. E tudo se resume a lucro. Enquanto profissional recusei-me a alinhar-me a este esquema. Enquanto leitor não consumo este lixo ;)
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