segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Saudades e Recordações


Fez ontem oito anos que estava a passar por um dos dias mais difíceis da minha vida, a morte da minha avó paterna. Apesar da doença que ela tinha (insuficiência renal) e de estar internada no hospital (mais um internamento entre tantos), nada fazia predizer que o dia iria terminar assim. É verdade que ela andava a queixar-se de estar mais cansada do que era normal, mas todo o quadro de saúde se encontrava dentro da normalidade, segundo os médicos. 
Infelizmente naquele dia ela não conseguiu resistir ao tratamento. Ainda pediu que chamassem  o meu pai para se despedir, mas quando ele chegou já ela tinha falecido. O pior foi que o meu irmão, que tinha 8 anos, estava com o meu pai e assistiu a todo aquele momento de perda e sofrimento. Sei que ainda hoje ele sofre com isso.
Em casa fui eu que recebi o telefonema e ainda hoje recordo esse dia com grande dor. A minha avó estava internada há cerca de 15 dias e eu durante esse tempo não a tinha ido visitar. Falava com ela quase todos os dias, mas como estava terminar o relatório de estágio e monografia e tinha entregar tudo  no dia 19 de Setembro, ela não queria que eu perdesse tempo a ir visitá-la (segundo os médicos ela logo, logo regressaria a casa) e queria é que eu terminasse as coisas no prazo.
Pois é, pelos vistos a infecção que o enfermeiro causou no braço da minha avó e que lhe provocou um grande hematoma no braço, não foi controlada como deve ser e alastrou-se pela corrente sanguínea e enfraqueceu-lhe todo o organismo, fazendo com que ela não resistisse no dia do tratamento.
E assim o meu avô perdeu a mulher, o meu pai a mãe, eu e o meus irmãos a avó, a minha tia a irmã e a minha mãe a sogra...
Para mim foi uma grande perda pois toda a minha vida vivi com ela... era com ela que ficava quando a minha mãe e o meu iam trabalhar... era ela cozinhava para a casa toda... ela fez parte da minha educação e daquilo que sou como pessoa.
Ao fim deste anos todos ainda sinto a culpa de nunca a ter ido visitar... infelizmente com a situação que vivi, aprendi que nunca devemos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje... independentemente daquilo que pensamos ou daquilo que nos dizem... 
Sei que ela não ficou chateada comigo e sei também que cumpri o que lhe prometi... no dia do seu funeral e após me despedir dela fui entregar aquilo pelo qual batalhei durante cinco anos, a monografia e o relatório de estágio da minha licenciatura.... Sei que ela ficou orgulhosa de mim.
Fico feliz por ainda fechar os olhos e conseguir me lembrar da sua cara, do seu sorriso, da sua voz... Ás vezes tenho medo de me esquecer desses pequenos pormenores das pessoas que já partiram... 
Apesar das boas recordações que ficam após a dor da perda e do vazio da saudade, é bom poder fechar  os olhos e por uns segundos sentirmos que eles estão e sempre hão-de estar ali ao pé de nós, só à distância de um pensamento.

Beijocas grandes à minha Avó C.

1 comentário:

Alix disse...

a minha avó paterna também me ajudou a criar, e eu tinha-a como uma segunda mãe. nunca a irei esquecer...

bjs*