Ofereceram-me este livro no Natal de 2002 e desde então que estava arrumado na estante. Este sempre foi um tema que me incomodou. Não gosto. Dá-me raiva, nojo. Revolta-me as entranhas. Faz-me ter pensamentos menos bons a respeito desta cultura, destas gentes. Como é possível em pleno séc. XX e XXI se assistir a barbaridades destas? Como é possível venderem-se filhos? Como é que se acha normal casar e dar inicio a vidas sexuais a crianças com apenas 7/8 anos? Que tradições, religiões, crenças são estas que permitem o abuso, os maus-tratos, o desrespeito pela liberdade e dignidade, a morte de crianças e mulheres? Como é que se permite que filhos sejam retirados às mães?
O pior é que continuam a existir sociedades que pensam e vivem assim. Como é que permitimos isto? Onde andam os tão defendidos direitos das mulheres e das crianças. Quem pensam estes homens que são? Deus? Não consigo pensar nisto. Por tudo e nada se fala em guerras... mas não serão estas mentalidades as maiores bombas atómicas que existem? Ainda há pouco tempo foi notícia a morte de uma menina de 8 anos, no Iémen, que não resistiu aos traumas físicos que as relações sexuais com o seu marido provocaram! Isto chama-se violação, assassinato? Para isto pede-se a pena de morte com muito sofrimento! Nestes casos, não há perdão, nem piedade! Assim fizestes, assim hás-de pagar!
Desculpem, mas é assim que penso e por alguma razão este livro permaneceu na estante por 11 anos.
Mas voltando ao livro, apesar de se tratar de uma história verídica e relatada por uma das vítimas, e de só por isso, ter todo o valor e mérito, considero-o um livro pobre e de fraca escrita. Podia ser muito mais. Compreendo que talvez tivesse que ser assim mesmo. Por um lado havia a irmã, o filho e os sobrinhos que continuavam presos naquele país e naquela cultura, e por outro, decorria todo um esforço diplomático para os conseguir libertar.
Toda a catarse que esta mulher precisava de fazer, teve que ser "ligeiramente" silenciada devido a possíveis repercussões nas negociações da libertação da sua irmã.
Ainda não li o segundo livro "Uma promessa a Nadia" e nem sei se o farei. O importante é que fui pesquisar e pelo o que li, a irmã, o marido desta, os filhos e o sobrinho só regressaram a Inglaterra em 2003. Embora num país de liberdade Nadia continua presa a uma cultura, a uma religião e a um marido que jamais entenderá ou respeitará a igualdade dos direitos.
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